terça-feira, junho 05, 2007

A Adega Faustino

Chaves
Iguarias sem par estão no Faustino


Adega típica em Chaves
é um tesouro escondido

A Adega Faustino é, provavelmente, o expoente máximo da gastronomia regional em Trás-os-Montes e Alto Douro. Situada na zona histórica da cidade de Chaves, tem uma história tão rica quando a variedade de pratos e petiscos que ali são servidos.
Há cerca de um século, começou por funcionar como serralharia e carpintaria e, mais tarde, como taberna gigante, que abastecia de vinho a região. Em 1942, foi considerada, pela Junta Nacional dos Vinhos, a maior secção de venda de vinho a retalho do país.
Eduardo Faustino, de 69 anos, é o actual proprietário da casa, que já transitara do avô para o pai. Vista por fora, ninguém imagina o que há lá dentro. Ultrapassado o portão da garagem, entretanto alterado por força dos tempos modernos, entra-se numa ampla "praça" calcetada a granito.

Mestre Vicente Costa

Sobressai um balcão antigo, feito há 57 anos, com mais de 15 metros de comprimento, e, atrás, cinco tonéis com capacidade para 20 mil litros de vinho. Imponente é a estrutura de madeira que suporta o telhado. Uma obra notável de engenharia, como muitos já a classificaram, e que foi executada por um tal mestre Vicente Costa, o mesmo que fez as escadas em madeira do Palace Hotel de Vidago.
É recomendável levar para a Adega Faustino muita fome. A ementa é variadíssima e rapidamente deixa água na boca: presunto caseiro de Chaves, linguiça assada, alheira, salpicão, orelha de porco, coxas de rã, salada de bacalhau e feijão chícharo, entre outros petiscos, já para não falar nas costeletas de vitela barrosã e do arroz de tomate. "Tanta coisa, que quase não tem conta", diz a esposa do proprietário, Odete Faustino, que, apesar da insistência, não revela o segredo do inigualável paladar dos pratos que só ela confecciona, apesar de ter ajudantes na cozinha.
E não há misturas, tudo é servido em separado. "Se o cliente pedir bife, trago apenas a carne. Os acompanhamentos vêm sempre à parte", revela a cozinheira, explicando que, se for servido tudo junto, "as pessoas acabam por comer só aquilo que gostam e o resto estraga-se". "Perdi muitas noites de sono a pensar na maneira de servir assim", recorda.
Vinho, só do lavrador. Não há marcas, excepto nos verdes. Eduardo Faustino diz que na sua casa "o cliente só paga aquilo que come" e acrescenta, orgulhoso: "No Verão, fazem fila para entrar e não saem da porta para não perder a vez".

Pastilhas digestivas ou um saudável passeio a pé

Ora, já se sabe... Quem muito come e tem problemas de digestão, o melhor é recorrer àqueles artigos de farmácia, quase miraculosos, que combatem a acidez do estômago.
Sim, daquelas pastilhas que se colocam num copo de água e que, depois de borbulharem um pouco, é só engolir e esperar pelo efeito. São relativamente baratas e facilmente transportáveis num bolso ou numa carteira de senhora (cabe lá sempre mais qualquer coisa, não é?).
Mas se tem hábitos saudáveis, embora às vezes cometa uns pecados gastronómicos (como, provavelmente, aqueles a que não vai conseguir resistir na Adega Faustino), então, meta pés ao caminho e faça um passeio por Chaves.
Se não conhecer a cidade, vai ter uma bela revelação. Se já conhece e não a visita há muito tempo, será uma surpresa. Nunca é de mais revisitá-la. Argumentos não faltam para visitar a cidade termal.

Texto e foto de EDUARDO PINTO


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